Sob (de)pressão

Seguindo a tradição inglesa, de que, quando não há nada para conversar fala-se do tempo, sinto-me vítima da profissão e da falta de imaginação dos meus amigos, vizinhos e outros conhecidos, que seguem de forma inflacionada os ditos costumes ingleses. É que é avistarem-me e, qual mola que se solta, sai a pergunta: "então quando é que chove". Esquecem-se eles que falam do tempo por prazer, ou por falta de conversa, enquanto eu não posso abordar as coisas por esse prisma, ou seja, para falar do tempo tenho de faze-lo de um modo profissional e não de um modo prazenteiro, sob pena de me acontecerem duas coisas que seriam desagradáveis para ambas as partes. Uma primeira, que seria dar informação imprecisa e posteriormente ser alvo de chacota - especialmente dos amigos, até porque, por muito que se diga que é de uma previsão que se fala, a coisa é logo tomada como uma realidade de facto. O que leva a uma segunda que é cair no descrédito pois, se se toma a previsão como uma realidade enexorável, o que ela de facto não é, no próximo avistamento sou chamado a contas como se tivesse mentido deliberadamente - o que é injusto. Daí deriva que, quando alguém me diz: "vai chover?", qual mola que se solta, respondo - vai tu!